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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Você tá bem?

Como você está no seu período de distanciamento/isolamento durante essa pandemia?

Queria começar com essa pergunta porque são poucas as vezes que nos perguntam isso e, quando perguntam, as pessoas ficam receosas de responder com total sinceridade e parecer um exagero, né? Bom, comigo é assim, mas às vezes é só preguiça de conversar mesmo.

Tem dias que eu fico com um cansaço incomum. Não quero levantar, não quero conversar, não quero nenhuma interação. Tento levar um dia de cada vez, inspirando e expirando. Consigo manter a calma, na maioria das vezes.

E aí, tem também alguns dias que eu quero muito conversar com todo mundo e saber como a pessoa está e o que está acontecendo na vida dela. Quero ajudar de alguma forma.

foto de agora
Há dias e mais dias eu estou ensaiando voltar a escrever aqui. Sinto uma saudade enorme de externar os pensamentos não apenas no diário (que está mais para pensamentos mensais/anuais). E agora, mais do que nunca, é hora de voltar aqui para eu não ficar na bad de vez.

Eu sou uma pessoa de toques. Já escrevi sobre isso aqui e quem me conhece pessoalmente também sabe. Eu gosto de abraçar, beijar, pegar na mão, no cabelo, dar cutucadinhas (eu sei que às vezes irrita, mas é um gesto de amor, aceite) e coisas do tipo. Então esses dias de distanciamento estão me deixando bem angustiada. Óbvio que não apenas por conta disso, toda a situação do mundo está um caos. Pode deixar, não estou focada só em mim e na minha bolhinha.

A minha rotina em 2020 mudou muito. Rapha e eu estamos morando juntos. Então as preocupações relacionadas a dinheiro/contas subiram de nível. Conciliar o trabalho na agência e manter a casa não foi nada tranquilo no primeiro mês, mas agora acho que estou pegando o ritmo. Daí chegou a pandemia e, a partir desse momento, não temos certeza de mais nada.

Vejo muitas pessoas falando para aceitar a "não-normalidade". E, para falar a verdade, isso não ajuda muito haha. Vamos dizer que eu aceito a não-normalidade para que meus sentimentos se "adequem" (claro que essas não são os termos corretos para falar, só estou desabafando aqui) a situação que estamos vivenciando hoje. Já que não é o normal mais, como é que eu tenho que me sentir? Como eu sei que o que estou sentindo é o que realmente vai me fazer bem? Eu sei que vai demorar um tempo para minha cabeça se acostumar com as mudanças, mas é foda o processo, né?

E você, tá bem?


segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Diário de crises


























Estou no meu último ano de faculdade e, como todo aluno, estou dando graças aos deuses. Mas tenho comigo a sensação de angústia. Estou sem rumo.
Sem rumo, perdida, cadê o caminho? O que eu vou fazer?
Continuo com meu emprego e continuo fazendo os freela? Arrisco sair e ficar só por conta dos freelas? Faço pós, faço outro curso?
Tentei, por tanto tempo, me convencer de que era o caminho certo. Para falar a verdade, nem sei se estou no caminho certo ou errado. Não sei. E isso acaba comigo, porque algumas partes da nossa vida está tudo certo, caminhando conforme previsto, mas aí vem uma que está com um problema maior e tira o brilho das outras. Nada fica bom. Nada serve.
Fico me perguntando se o que me incomoda está ligado ao curso que escolhi fazer. Mexendo aqui no blog e passando algumas folhas, percebi que, por pouco mais de três anos, minhas crises são direcionadas à um tema só. Meu diário de crises está cheio de incertezas, instabilidade e uma maré sufocante.
Já tentei me fazer acreditar que a calma que eu preciso está em alguma porta por aqui. Perdi a chave e nada me faz achá-la. Nem São Longuinho achou, mesmo com tantos pulinhos prometidos.


quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Acreditar.
É a força que tento ter todos os dias. Força para acreditar que esses dias difíceis passarão, assim como das outras vezes. Acreditar que coisas boas têm seu próprio tempo para acontecer, que a sensação de vazio não é para sempre. Que quem me guarda e protege sabe da minha instabilidade e a conheça mais que eu mesma. Que me soprem que não há nada nessa vida que eu não conseguirei enfrentar. Tenho que acreditar e ter a certeza que amo o que faço e o que pretendo fazer, que as pessoas em quem confio me amem também.
Que as palavras que recortei das revistas e jornais voaram com a brisa que passou há alguns dias e esse é o motivo do caos: não consegui reorganizá-las.Que eu vou voltar. Preciso acreditar que a calma está na porta ao lado e que a chave dessa porta ainda está por aqui. São Longuinho, São Longuinho... três, seis, nove, doze pulinhos.
Me faz acreditar.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Palavras aos meus avós e tia, mortos

Essas são coisas da minha cabeça que estão aqui desde que entendi que vocês existem. Ou existiram. Pode sair um pouco desconexo, mas são os pensamentos de uma criança e de uma pessoa com um "quê" desespero.

Qualquer pessoa que me conheça, jamais terá uma parcela de noção da quantidade de litros que já chorei pela minha família há muito falecida.

Hoje, há 29 anos e um dia.

Eu não sei como nem o porquê, mas eu realmente me desesperava e começava a chorar e não conseguia parar. O peito ficava levemente dolorido (da mesma maneira que está agora) e demorava passar.

Percebi, recentemente, que sou uma pessoa de toques. Gosto de alguém e quero tocar, abraçar, sentir o calor e a energia que emana desse alguém. E eu me sentia a angústia em pessoa por não ter essa sensação. De sentir o calor de vocês, de sentir o aroma dos cabelos e da pele.

Ainda há muitas histórias e memórias que não ouvi e que não conheço. Sei que muitas não serão verdades absolutas, pois não serão vocês me contando. Mas já é melhor que nada. Sinto gratidão e uma inveja descarada de todas as pessoas que já me contaram um pouquinho de cada um de vocês. Gratidão por me darem a oportunidade de guardar tudo dentro de uma caixinha no coração e seguir formando a minha versão de vocês. E inveja por essas pessoas saberem muito mais de vocês que eu com minhas poucas histórias guardadas na caixinha.

Você já sentiu saudade de alguém que nunca conheceu? De alguém que nunca sentiu o cheiro, nunca apertou as mãos ou deu um abraço? De alguém que você não sabe como é o timbre da voz, se fala manso ou apressado?

Eu sinto. E muita.